No começo, tínhamos uma ótima vida sexual. Eu adorava ser beijada e tocada. Isso mudou depois que vieram os filhos. No fim do dia, depois de cuidar das crianças, eu só tenho vontade de ficar sozinha. Meu desejo sexual é zero, e eu só faço isso por ele. Adoro quando ele está viajando, pois fico livre de ter de transar por algumas noites.” O relato pouco entusiasmado sobre o sexo conjugal foi escrito por Sharon, uma australiana de 41 anos, casada há quatro. Durante nove meses, ela, seu marido e mais 97 casais australianos fizeram diários sobre suas expectativas, frustrações e – eventuais – alegrias sexuais. O resultado dessa experiência é o best-seller Sex diaries (Diários de sexo), sem tradução para o português, escrito pela terapeuta sexual australiana Bettina Ardnt, que conduziu a pesquisa. Sua conclusão? Se os relatos forem representativos do que acontece pelo mundo, trocar alianças não parece uma boa ideia para quem almeja uma vida sexual feliz.
Para cada história de prazer e satisfação entre os lençóis, os diários mostram dez que dariam roteiros de filmes de terror. Todos com enredos parecidos: mulheres que perdem a libido e passam a vida rejeitando o marido. Uma delas inventava tarefas domésticas noturnas, para ter certeza de que o marido já estaria adormecido quando ela chegasse à cama. Eles, por sua vez, passam a vida frustrados, implorando por sexo e intimidade, surpreendentemente apaixonados depois de anos de maus-tratos. Até que ponto essas conclusões podem ser generalizadas? “Tenho recebido cartas de pessoas dos Estados Unidos, da Índia, do Paquistão e da África dizendo que se identificam com os problemas descritos”, disse Bettina a ÉPOCA. A descoberta que mais a surpreendeu foi que a maioria dos homens, mesmo após anos sem sexo (sim, anos!), não se divorcia nem procura amantes. Um deles, cansado de ser humilhado pela mulher, prometeu: “Não vou mais tomar a iniciativa, até que você me peça”. Faz oito anos que ele espera.
No Brasil, onde o sexo está em terceiro lugar no ranking das prioridades masculinas e em oitavo no das mulheres, a maior parte das queixas ouvidas pelos psicólogos é de homens cujas mulheres não querem transar, por variadas razões. A diferença é que aqui eles não são pacientes. “Também há muito casamento sem sexo no Brasil, mas a maioria dos homens resolve o problema fora de casa”, diz a psiquiatra Carmita Abdo, especialista em sexualidade.
O principal motivo pelo qual o casamento invariavelmente se transforma no túmulo do sexo é a rotina. A libido feminina é muito mais frágil que a masculina e se ressente de detalhes que passam despercebidos pelos homens. “Como posso sentir vontade de ir para a cama com um parceiro que nem me ajuda a colocar o lixo para fora?”, desabafa uma das entrevistadas. As mulheres desiludidas perdem a admiração pelos parceiros e passam a rejeitá-los. Isso significa que um marido prestativo e pai amoroso terá garantida a atenção sexual? Não necessariamente.
Carmita Abdo diz tratar de muitas mulheres que se desinteressam mesmo por parceiros atenciosos. “Não adianta fazer curso de striptease, comprar lingerie ou tentar posições exóticas”, diz a terapeuta sexual Carla Cecarello. “Nada vai melhorar a vida sexual no casamento se as questões de intimidade e convivência não estiverem resolvidas.” A comunicação é o principal motivo citado pelo casal paulistano Francine Cavaleiro Ferreira Drudi, de 27 anos, e Caio Eduardo Squassoni Drudi, de 32, para manter uma vida sexual feliz. Juntos há mais de três anos, eles dizem nunca ter tido problemas na cama e creditam isso ao diálogo aberto. “Sempre que estamos insatisfeitos, conversamos e resolvemos”, diz Francine. “Ter ao lado um homem companheiro faz com que o apetite sexual aumente”
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI88010-15228,00-COMO+E+REALMENTE+O+SEXO+DOS+CASAIS.html
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