segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Muito caro manter um time de futebol

Sábado, 10 de julho. Estádio do Xingu, São José dos Pinhais. Apenas três pessoas pagaram para ver o São José ser derrotado pela Portuguesa Londrinense por 2 x 0, pela Divisão de Acesso 2010 - a Segunda Divisão do Campeonato Paranense. Os míseros R$ 15 de renda, no jogo de menor público pagante da história do futebol paranaense, não representaram nem 1% do que a partida deu de prejuízo: R$ 2.559,88, como indicou o borderô da Federação Paranaense de Futebol (FPF).

O exemplo acima revela o quão difícil é fazer futebol no Paraná. Se na era Onaireves Moura os clubes já pagavam para jogar, agora, mais ainda. Enquanto segue sem oferecer competições rentáveis para seus filiados disputarem, a FPF implantou uma política em que tudo é cobrado das equipes. No emblemático São José 0 x 2 Portuguesa Londrinense, a federação não abriu mão nem de R$ 1,50 - equivalente aos 10% que tem direito sobre cada renda de jogo.

Transformada em um verdadeiro cartório de arrecadação na gestão Hélio Cury, a FPF não subsidia nada aos clubes profissionais. Tudo é cobrado, com valores que podem ir de R$ 0,50 por uma folha de xerox até R$ 200 mil para equipes que pretendam mudar de cidade. Arrecadando cada vez mais, mesmo com contas bloqueadas e uma série de dependências herdadas da gestão anterior, conseguiu fechar 2009 com um superávit de R$ 700 mil em seu balanço.

A Federação Paranaense de Futebol também não alivia dos clubes na taxa de arbitragem, que pelo artigo 30 do Estatuto do Torcedor deveria ser paga pela entidade que organiza o campeonato. Está escrito: “A remuneração do árbitro e de seus auxiliares será de responsabilidade da entidade de administração do desporto ou da liga organizadora do evento esportivo”. Mesmo assim, as taxas cobradas pela FPF variam de R$ 300 a R$ 2,5 mil (árbitros Fifa).

Quem não paga as taxas impostas pela federação corre o risco de ser denunciado ao Tribunal de Justiça Desportiva e ser suspenso da competição e banido de outras futuras. O Iguaçu de União da Vitória, que tentou disputar a Divisão de Acesso, sentiu isso na pele este ano. Há, porém, os que pagam e que veem a cada ano o prejuízo crescer. É o caso do Paranavaí, que por causa das disputas do Campeonato Paranaense de 2009 e 2010 contabiliza um furo de caixa estimado em R$ 300 mil.

Por isso, quem está fora também pensa duas vezes antes de entrar. Um dos casos é o do Bordeaux. Pensando nos altos gastos que teria de pagar só para se filiar na FPF -R$ 50 mil -, a fim de disputar a Terceirona estadual, o clube de Telêmaco Borba preferiu deixar para o ano que vem o retorno da cidade ao futebol paranaense. O mesmo serviu para o tradicional União Bandeirante, que, segundo o diretor de futebol, Nelson Santos, precisa de um “melhor planejamento para não voltar no vermelho”.

O fato de a FPF cobrar o que cobra não condiz com que ela oferece aos clubes. Sem mostrar nenhuma estratégia de marketing para o futebol paranaense, a federação promove competições que não geram alternativas financeiras para os times. Até a cota de televisão do Campeonato Paranaense (R$ 4 milhões), se comparada com os estaduais de outros estados menos importantes do futebol brasileiro, pode ser considerada uma “esmola” aos clubes. “Disputar os campeonatos da federação é pregar no deserto”, diz um dirigente de um clube da Primeira Divisão, que pediu que seu nome fosse omitido para não sofrer represálias. O mesmo dirigente definiu a atual realidade do futebol paranaense: “Federação forte, clubes fracos.”

Fonte: Paraná Online - Felipe Lessa
www.lecmania.com.br

Além de toda essa cobrança em massa, os clubes estão "rebolando" para se enquadrar nas normas que a cada dia estão surgindo, principalmente os clubes do interior.
Sabemos da necessidade de se cumprir uma lei quando sancionada, mas algumas leis deveriam ser mais analisadas e também fosse analisada se realmente terá sua efetividade. Leis anti fumo, proibições de venda de bebidas nos estádios, enfim, leis que são para diminuírem agressividade dentro dos estádios, mas para nos "ditos pequenos" que temos pouquíssimos problemas neste sentido, sentimos mais ainda o seu efeito porque afasta o já tão pouco torcedor que vê nestes momentos uma maneira de distrair e divertir vendo seu clube em campo.
Mas enfim, veremos por quanto tempo sobreviveremos a tantas leis e determinações.

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